Sendo a minha primeira prova de aventura, a convite do meu amigo Cassio, tenho muito a relatar sobre tudo que passei e experimentei de sensações.
Após o convite e a aceitação em ir participar do Haka Race em quarteto, começamos a treinar MTB, eu nunca havia pedalado em terra, lama, subida com pedras e descida com obstáculos, tudo era novo, treinamos quase 2 meses, somente aos Domingos, em um dos treinos o Dacio que é integrante do quarteto caiu na descida e machucou o ombro, ficou sem treinar alguns finais de semana mas fez gelo e fisioterapia para estar apto no dia da prova.
Bem, foi chegando a semana da prova e todos já pilhados, a todo momento lembrando dos detalhes, check list de equipamento obrigatório, revisão de bikes, etc. Tudo pronto para viajar na véspera da prova, saímos quase 21hs de SP rumo à São Francisco Xavier/SP, uns 210 km de viagem. Nossa pousada estava há 9 km da Cidade onde seria a largada, sem problemas, mas encontrar a pousada a noite e com estrada de terra já seria o primeiro desafio do nosso navegador oficial, o Cassio! Felizmente ele é bom nisso e chegamos bem na pousada, logo estávamos dormindo, afinal um dia comum de trabalho + viagem = cansados, para acordar as 5:30 do dia seguinte, fomos dormir pelas 00:30.
vista da pousada logo cedo, ali tem um morro atrás do nevoeiro;
Acordamos como previsto, as tralhas estavam semi arrumadas, tomamos o café da pousada e fomos para a Cidade, chegando lá a primeira tarefa seria pegar o mapa da prova para estudar o percurso, demarcar, anotar os detalhes e ficar tranquilo para o inicio da prova, em paralelo o restante da equipe montava as bikes, revisava os kits obrigatórios da prova, abasteciam os camelbak´s e a ansiedade estava estampada na cara de todos.
alguns itens do kit obrigatório (bussóla, luvas, luzes, camelbak, apito, isqueiro e cobertor de emergência);
momento de concentração para estudar o mapa e as rotas alternativas;
bikes prontas para ir à prova;
Ouvíamos à todo momento o organizador da prova passar detalhes da prova, recomendações de cuidados nos downhill´s, etc, a equipe estava pronta, descemos de bike para o pórtico de largada e eu me posicionei entre os primeiros da fila, a equipe me seguiu sem questionar, afinal não foi de propósito e normalmente quem está à frente são os mais eufóricos e mais fortes, nós estávamos lá e ficamos na boa, sem grandes pretensões. A largada foi dada em movimento até um ponto da Cidade, logo zerei o odômetro para navegar e auxiliar a equipe, o primeiro trecho foi de bike e já havia uma PIRAMBEIRA gigante, descemos das bikes e empurramos, não fomos de sapatilha e também não compensava gastar energia logo no km 1 da prova, pois seriam 35 km no total, vencida a etapa da subida, evoluímos no pedal até o PC1 (posto de controle nr 1 ), seguimos ainda de bike até o PC2, neste PC dois iriam para o caiaque e dois fariam trekking (corrida em estrada de terra, barro, mato, etc), eu e o Dacio fomos para o caiaque e o Cassio e o Robson foram para o trekking, eles iriam até o PC3 para fazer o rapel de 30 metros e depois fariam mais trekking até o PC4, eu o o Dacio fomos rio abaixo do PC2 ao PC4 para encontrar o Cassio e o Robson, chegamos lá e aguardamos 5 minutos até que eles logo chegaram, nos hidratamos e alimentamos (gel, barrinhas, água, isotônico) e seguimos no trekking até o PC5, que seria virtual, ou seja, apenas um banner com uma informação que seria questionada no próximo PC, esse trekking do PC4 ao PC5 foi com muita lama e esterco juntos, havia chovido e estava uma coisa feia de olhar e pisar, mas era o que tinha né. No PC5 um quarteto masculino passou por nós, nem ligamos, afinal nosso objetivo era terminar a prova e experimentar essa modalidade de esporte, o Dacio começou a reclamar do joelho e fizemos algumas pausas e diminuímos o ritmo, vez corríamos vez caminhávamos, também era possível ver do outro lado um outro quarteto correndo, mas eles estavam do outro lado do rio, nós tínhamos a vantagem de estar do lado correto PC virtual e depois já pegaríamos as bike no próximo PC, ele teriam que dar a volta ainda e saber o que tinha no PC virtual, seguimos no trekking até o PC6, lá pegamos as bikes novamente e nos apresentamos, perguntaram do PC virtual e respondemos corretamente, pudemos seguir ao PC7, neste momento havíamos definido um caminho para seguir via trilha, mas alguns atletas estavam retornando desta trilha dizendo que havia uma mulher proibindo a passagem alegando ser propriedade dela e que também não havia saída e que os bois/vacas dali eram bravos, bem, visto a situação tivemos que seguir por outro caminho, era uma estrada boa para pedalar se não fossem as subidas, muitas subidas, de empurrar bike mesmo, alguns atletas sofriam com câimbras e inclusive o Cassio e o Robson tiveram também, neste ponto o quarteto que estava do outro lado do rio tirou a diferença e chegou até nossa equipe, mas eles também sofreram com câimbras e acabamos passando eles, mesmo assim fizemos pequenas pausas ou baixamos o ritmo para recuperação das câimbras e seguimos morro acima, entre risos, dores, piadas e quase choro, ao chegar enfim ao PC7, vulgo "PC maldito" segundo o Robson, lá o fiscal disse que só faltavam 5,5 km para o final e com downhill forte, pediu para tomar cuidado com as curvas cotovelo e com o piso molhado, também comentou que éramos o quarteto nr 3 a passar por ali, nem ligamos, pensando que fosse para animar a gente e seguimos.
Fizemos a descida de bike com segurança e adrenalina ao mesmo tempo, afinal empurrar morro acima só pode ter algum sentido, o de descer né?!
Logo avistamos o asfalto e identificamos o caminho para a chegada, seguimos pedalando ritmado sem perder o foco da chegada, a adrenalina já estava alta, os sorrisos já eram visíveis, a felicidade de concluir nossa primeira prova era clara! Cruzamos a linha de chegada juntos e animados!
Ao chegar o fiscal pede para fazer vistoria em itens de segurança, passível de penalidade de 1 hora para cada item faltante ou que não esteja funcionando, estávamos com os itens em ordem e zeramos a prova, ou seja, prova perfeita!
Ficamos na praça do evento para aguardar o Marcos e o Biza que estavam fazendo a categoria PRO (50 km), chegaram pelas 19hs, também encontramos os irmãos Marcelo e Fernando que fizeram a categoria SPORT (35 km) e que ficaram em 2o lugar na categoria deles.
Enquanto estávamos lá, lavei a bike que estava lotada de barro, era tanto barro que não se via mais os câmbios e o pneu cravado de barro, depois guardamos as bikes no carro, trocamos algumas peças de roupa mega sujas e fomos almoçar ali em um restaurante na praça (Dona Xica), comida e atendimento impecável, recomendo a feijoada, dali ouvíamos o organizador no microfone, almoçamos a tempo de ir ver a premiação da categoria SPORT, quando foi anunciado outra equipe no 3o lugar já nem ligamos mais para o que o cara do PC7 disse, mas na sequência fomos anunciados, equipe CaWiRoDa (iniciais dos nossos nomes), foi uma alegria e explosão de felicidade contagiante, fomos até o pódio para receber os troféus e os brindes. Muitos flash´s, fotos, palmas, gritos, champagne, abraços, apertos de mão, etc, até parecia celebridade, kkkkk, muito bacana!
bike ao final da prova, puro barro;
medalha que recebemos ao passar pelo pôrtico;
chegada da prova;
momento da premiação;
fotos para o evento;
troféu de vice campeão - Quarteto estreante;
Detalhes da prova em cada modalidade:
MTB - ciclismo de montanha:.
Iniciamos com MTB e já veio uma mega subida, empurramos as bikes para não forçar no começo e gastar energia, ali já vimos um cara no chão reclamando de câimbra, nem havia feito 1 km de prova, no topo já era possível pedalar, seguimos navegando até o PC1 e depois ao PC2, acho que neste trecho o Cassio teve câimbra e a corrente da bike encavalou, seguimos e no caminho haviam algumas descidas com curvas fechadas, nos deparamos com um acidente de uma ciclista que não conseguiu fazer a curva e foi parar no barranco e no cercado de arame farpado, rasgou a cara e já estava sendo atendida pelo socorrista da organização, seguimos adiante até o próximo PC sem problemas. Na outra parte da MTB seguimos por uma estradinha e nos deparamos com várias vacas e bois no caminho, bicho mesmo heim, kkkk, tivemos que pedir passagem aos bichos para seguir adiante, meio tenso, pois eu estava com um colete vermelho, os bichos só me olhavam e eu agitei a equipe pra pedalar rápido e sair dali. Fomos passando PCs e empurrando bikes em outras subidas mega inclinadas, não tinha quem não empurrasse, inclusive nossos concorrentes empurraram e tiveram câimbras neste ponto, o Robson também teve, mas passamos eles e seguimos adiante, kkkk, no topo ficava o PC7, depois seria a chegada, após tanta subida vieram as descidas, foram uns 5 km de downhill, descidas com curvas cotovelo, muita lama e pista molhada. No MTB tivemos alguns problemas mecânicos, a minha corrente e a do Cassio estavam encavalando na roldana, porém seguimos adiante.
Caiaque, rio abaixo:.
Eu e o Dacio fomos para o caiaque duplos, logo pegamos o caiaque na grama e empurramos para o rio, ele conseguiu sentar no caiaque e foi se afastando da margem, eu pedi para ele estender a pá para eu agarrar e puxar ele de volta, mas em questão de segundos o barranco que eu estava me pregou uma peça e me lançou para o rio, escorreguei bonito e já cai em pé no rio, fiquei com água até a cintura, molhei bermuda, tênis, meia, etc, queria poupar isso mas não foi possível, subi logo no caiaque e seguimos remando, ou melhor, tentando remar, era o Dacio jogando água em mim e eu remando para as laterais, batíamos a todo momento nos barrancos e o caiaque girava no meio do rio, outros atletas ora passavam sem entender o que estávamos fazendo e até embaixo de árvore com o caiaque acabamos enroscando, banco de areia a todo momento aparecia e lá ficávamos encalhado, vez em quando não bastava bater e girar o caiaque no morro mas também fazíamos isso com outros atletas, sim, batemos nosso caiaque neles e depois eles seguiam com a nossa ajuda, pós peso na consciência, foi mais engraçado do que trágico. Ao chegar a margem para entregar o caiaque, outro mega barranco, outras equipes ajudaram a erguer e levar o caiaque até a grama, um mega morro cheio de lama, só dava pra subir se agarrando na vegetação. Enquanto isso a outra dupla (Cassio e Robson), seguiam de trekking até o ponto do rapel, detalhe é que o Robson tem medo de altura, foram 30 metros de descida e posteriormente seguiram ao nosso encontro no final do caiaque (PC).
Trekking - corrida em estrada de terra e trilhas:.
Após o caiaque nos encontramos e seguimos em quarteto correndo em meio a uma trilha cheia de lama, esterco molhado, buracos, grama alta, galhos, pedras e mais bichos, mais vacas e bois no caminho, só dava tempo de passar ao lado deles meio desconfiado e pronto, era o que tinha, neste trecho era possível ver o rio que descemos de caiaque ao nosso lado direito, também avistamos outra equipe concorrente do outro lado do rio, em outra estrada paralela, seguimos no trekking, vez em quando fazíamos caminhada pois o joelho do Dacio apitou, revezamos entre trekking e caminhada, chegamos ao PC virtual e seguimos adiante, logo pegamos as bikes e seguimos para o último trecho.
Navegação - leitura cartográfica/de mapas:.
A organização distribui o mapa 2 horas antes do início da prova (para a nossa categoria - estreante), com este mapa temos que fazer a leitura e identificar o melhor caminho para chegar aos PCs, na ordem numérica e o mais rápido possível, o Cassio foi o responsável por montar os caminhos, marcou os quilômetros de cada percurso e depois plastificou o mapa com papel contact, para evitar molhar e desmanchar, se ficar sem mapa na prova aí complica, eu também levei um reserva e plastifiquei, cai na água no caiaque e o mapa continuou intacto.
Equipamentos de segurança:.
Itens obrigatórios por equipe e outros individual, temos que usar o capacete e luvas do início ao fim da prova, além do colete salva-vidas para quem for fazer o caiaque, a camelbak (mochila de hidratação) e outros itens, ou seja, corremos e pedalamos com peso extra (+- 3kg);
Distância da prova :35 km (14 km - trekking; 7 km - caiaque; 28 km - mtb);
Temos mais 3 etapas, vamos ver no que vai dar isso!!!
Abs,
