Bem, eu sempre, ou melhor na maiorias das vezes mesmo uso capacete, mesmo para ir até a padaria, que é relativamente perto, quando esqueço o capacete fico preocupado e redobro a atenção, pode parecer loucura ou excesso de zelo, mas se o capacete existe é por alguma razão e é bom não arriscar, é bom não dar “sopa” para o azar.
Domingo dia 18/09, fomos eu a Tathi-namorada e a Catarina passear de bicicleta pela ciclo-faixa e aproveitar os eventos da virada esportiva lá no Pq. do Povo, quando estávamos saindo de casa eu disse – Ah, hoje vou sem capacete, pois apenas iremos passear! A Tathi-namorada disse: - Eu e a Catarina vamos de capacete! Coloquei o boné e lá fomos nós, as duas na MTB e eu com a speed.
Chegamos lá no Parque e ficamos até as 15hs, foi um ótimo Domingo, com brincadeiras, amizades com outras crianças e adultos e então resolvemos voltar para casa por conta do horário de funcionamento da ciclo-faixa, a qual encerraria às 16hs e por que também tínhamos um compromisso mais tarde lá na Mooca, a Catarina estava incomodada com o capacete ROSA dela, que não parava na cabeça e como eu estava sem capacete coloquei-o na minha cabeça e seguimos pela ciclo-faixa a caminho de casa.
Lá na Avenida Berrini a Tathi reclamou da falta das luvas, pois a manopla da MTB está bem gasta e a estava incomodando, no semáforo seguinte eu tirei a mochila das costas e peguei-as e as entreguei para ela vesti-las, o semáforo abriu e eu não consegui vestir as duas alças da mochila, segui pedalando em uma velocidade não superior a 20km/h, mas quando eu inclinei um pouco mais a alça da mochila saiu do ombro e encostou na roda dianteira da bicicleta, eu estava com a speed, que tem o quadro de alumínio e garfo de carbono, acontece que a alça enroscou, travou a roda e o garfo quebrou no meio, eu apenas senti o impacto do meu queixo no asfalto e depois ele raspando no próprio asfalto, logo depois senti meu corpo girando no ar, como uma cambalhota ou um mortal, por milésimos de segundos no ar eu avistei a Tathi e a Catarina lá na frente, elas ainda não tinham visto o que havia acontecido comigo, após estes milésimos de segundos senti o capacete ROSA raspando no asfalto, do inicio até o final dele e aí veio o impacto final no asfalto, realmente foi um giro completo do corpo sobre o eixo da cabeça.
Ao final do giro eu cai no asfalto e levantei o tronco tentando dar um grito para elas, saiu apenas um pequeno sussurro e eu fiquei no asfalto esticado e sem movimentação na boca, uma dor imensa, eu só enxergava o céu, que estava azul e sem nuvens, eu sentia o calor do sol batendo no meu rosto e lá fiquei. Logo a Tathi chegou e me olhou desesperada, eu apenas pedia, com os movimentos das mãos para ela ficar calma, pessoas foram chegando e buscando ajuda, eu estava preocupado com a impressão da Catarina em ver a situação, eu no chão, sangue e a Tathi abalada, mas ai eu concentrei-me em estar bem, respirar tranquilamente e tentar ajudar a resolver aquela situação. Eu sentia algo escorrer no meu pescoço e comecei a tatear minha cabeça, procurando sangramentos, mas percebi que era o sangue da boca que estava escorrendo, logo minha boca estava cheia de sangue e eu tinha que concentrar na respiração nasal para não engasgar com o sangue, só que era tanto que eu tinha que aspirar pra fora de alguma forma aquele sangue da boca, eu pedi para me darem algo que eu faria tal retirada do excesso, a camisetinha da Catarina é que me ajudou, eu a colocava dentro da boca para tirar o excesso, mas não estava resolvendo da forma que eu esperava, pois era muito sangue mesmo, então eu comecei a me virar de lado para poder cuspir, ou melhor, deixar escorrer o excesso, nossa quando eu fiz isso e consegui aliviar foi à melhor sensação do mundo, era como estar sem ar dentro d água e de repente conseguir respirar fundo novamente, bem, eu achei uma forma de não sofrer tanto com aquela situação. Algumas pessoas se identificaram o SAMU-192 foi chamado, outros providenciaram a remoção das bicicletas (Andre), a Catarina foi acolhida por uma amiga da Tathi que foi buscá-la no local. O SAMU-192 levou apenas 40 minutos, na linguagem pejorativa mesmo, após 30 minutos do acidente chegou um policial dizendo ter recebido o chamado há 2 minutos, se o SAMU tivesse recebido o chamado antes talvez eu tivesse saído de lá antes, ao chegarem eu sinalizei a minha situação e me colocaram o colar cervical e me amarraram na maca, fui colocado dentro da ambulância e lá fiquei sozinho, olhando para o teto da ambulância, sim, sozinho por alguns minutos, ou seja, se eu tivesse alguma hemorragia ou parada cardíaca eu já era, e percebendo a solidão comecei a bater com as mãos fechadas na tábua da maca, fazendo barulho e chamando a atenção, pois o sangue continuava acumulando dentro da boca e eu lá imobilizado não tinha mais como virar e cuspir, fiz mímica para o enfermeiro para aspirar o sangue da minha boca e ele fez por 2 ou 3 vezes até eu chegar ao hospital, um gesto simples, mas que alivia a dor e a sensação ruim.
O caminho até o hospital foi horrível também, pois qualquer movimentação, frenagem, aceleração e curvas o meu corpo, ou melhor, cabeça e queixo sofriam com a pressão e/ou com a força G. Chegando ao hospital fui para a emergência, lá fui medicado para aliviar a dor e fiz raios-X e tomografia, fiquei aguardando o cirurgião especialista para me atender em definitivo, acho que levou umas 4 horas, após a analise do médico me fizeram a sutura no queixo, pois como eu fraturei a mandíbula o osso rasgou meu queixo, ou seja, era uma fratura exposta, também amarraram minha mandíbula para eu recuperar o movimento e poder falar até a hora da cirurgia.
A cirurgia foi realizada com sucesso e eu ganhei duas placas e seis parafusos além de uma armação dentaria no arco inferior e aparelho nos dentes superiores para tratamento ortodôntico a efeito de correção da mordida, pelo menos três meses de tratamento.
Conclusão use sempre o capacete, pois se não fosse ele o acidente poderia ter sido mais grave, quando for pedalar utilize as duas mãos no guidão, se precisar pegar algo na mochila, pare, pegue, use e vista novamente. Quando estamos na zona de conforto pequenos detalhes podem causar grandes problemas. Cuidado com a auto-estima ela pode te trair, acontece que todos nós pensamos o de sempre – “isso não acontece comigo”
Agora eu já estou melhor, mas só volto a treinar em Outubro!
Foto #1: Na emergência com pontos no queixo
Foto #2: Pós cirurgia
Foto #3: raio-X da mandíbula (placa + parafusos)
Obrigado especial à Catarina, capacete ROSA é tudo de bom! E também agradeço a Tathi-namorada, não tenho palavras para agradecer!
Qual é a cor do seu capacete?
